sábado, 12 de maio de 2012

FABRICAÇÃO DAS CARTAS

PINTORES E ARTESÃOS

Os primeiros exemplares de cartas de jogar eram desenhados e coloridos manualmente, como mostram inúmeros exemplos conservados nos museus especializados. Alguns estudiosos como Joan Amades (Apunts dimatgeria) julgam mesmo que a xilogravura nasceu como processo industrial - já que antes se empregavam carimbos de madeira - com o objetivo de baratear os custos de produção das cartas.
Um dos mais antigos produtores de que se tem notícia é Rodrigo (ou Roger) Borges de Perpinãn, que, já em 1380, é distinguido com o duplo título de pintor e artesão de cartas.
Também existe referência documental relativa e outros Borges, pintores e artesãos de cartas instalados em Barcelona no século seguinte, o que sugere uma dinastia que deu continuidade a esse duplo ofício.
Graças a uma ordem dada pela rainha Maria (esposa de afonso, o Magnânimo) a seu tesoureiro , para que pagasse a importância de 265 soldos como remuneração por trabalhos de desenho, pintura e acabamento de um baralho, bem como pelas duas lâminas de papel usadas na confecção dessas cartas, ficamos sabendo da existência do artista valenciano Miguel de Alcanyis e dos filhos de Bartolomé Pérez, aos quais se destinou o referido pagamento.
Por outro lado, no inventário de bens do comerciante barcelonês Miguel Ça-Pila, feito em 1401, incluiu-se um "jogo de cartas grandes pintadas e douradas, protegidas com uma capa negra". Isso fortalece a idéia de que as primeiras cartas foram realizadas a mão -cortadas, desenhadas, coloridas e acabadas- por artistas pintores.
Outros artesões espanhóis de cartas do século XV dos quais se tem notícia são Benito Soler, Juan Brunet, Jaume Estalós, Arnaldo Bru, Alejandro Buezo, Miguel Ferrer e Pedro de Laredo. Sabe-se também que Miguel Sanz, originário de Córdoba, foi discípulo de Pedro Borges no aprendizado do ofício de artesão de cartas e fabricantes de tinturas.

A TÉCNICA DO ARTESÃO

As primeiras cartas eram totalmente elaboradas a mão, o que fazia delas objetos preciosos e delicados. Apesar disso, e das leis de proibição ao jogo promulgadas na maior parte dos países europeus, os jogos de cartas incluíram-se rapidamente entre os costumes de todas as classes sociais. Por esse motivo, foi necessário aumentar a produção de baralhos, com o objetivo de atender a uma demanda sempre crescente.
Uma forma de tornar mais simples e rápida a fabricação das cartas foi a aplicação de cor sobre elas diretamente com os dedos, sem que se respeitassem os limites assinalados pelas linhas dos desenhos. É nessa época, no início do século XV, que começam a ser empregadas as máscaras, que consistiam em padrões ou moldes perfurados ou entalhados. Para cada carta havia várias máscaras, uma para o desenho básico e outras para as diversas cores. As tintas eram aplicadas com pincéis especialmente adequados para esse trabalho.
Uma segunda fase da evolução das cartas inaugura-se com a introdução das técnicas de gravura. Para isso se utilizava uma matriz de madeira (xilogravura) e, sobre as folhas ou cadernos impressos, aplicavam-se as máscaras para o colorido posterior.

O OFÍCIO DE ARTESÃO DE CARTAS

O mestre de cartas, fosse estampador ou pintor, encarregava-se pessoalmente da realização da estampagem e do colorido das cartas de jogar, já que essas duas operações eram consideradas fundamentais para garantir a necessária qualidade da fabricação.
As operações secundárias do processo de produção das cartas -preparação e colagem do papel, corte e prensagem dos baralhos, preparação das cores e das tinturas etc. -eram realizadas por familiares do mestre de cartas, por aprendizes ou mesmo por pessoal assalariado.


AS CARTAS ARTESANAIS

A VIDA CORPORATIVA DOS ARTESÕES DE CARTAS

Embora somassem uma quantidade significativa, os artesões de cartas nunca foram em tal número que pudessem formar uma corporação própria, razão pela qual normalmente se integravam em agremiações maiores. Foi assim que João II de Navarra, como lugar-tenente de seu irmão Afonso, o Magnânimo, concedeu em 1455 aos artesãos de cartas barcelonenses, tanto quanto aos chapeleiros do lugar, o privilégio de se incorporarem à Confraria dos Julianes Merceros (comerciantes de miudezas). No decreto, regulava-se o exercício da profissão de produtor de cartas, a abertura de lojas ou oficinas para a venda e a fabricação de baralhos e, ainda, as restrições relativas aos aprendizes do ofício.
Em 1472, o mesmo rei João, agora convertido em João II de Aragão após ter sucedido seu irmão no trono daquele reino, teve que tornar a se ocupar dos artesões de cartas. As novas disposições eram gerais para todos os membros da Confraria dos Julianes Merceros, e entre elas estavam a fixação da hora de encerramento do trabalho aos sábados, regras sobre a venda ambulante, a limitação do tempo de aprendizagen para cada um dos distintos ofícios e assim por diante.
A agremiação dos merceros, os comerciantes de miudezas, cujo nome completo era Confraria de São Juliano dos Merceros de Barcelona, havia sido fundada e sancionada por João I de Aragão em 1393, e recebeu numerosos privilégios de sucessivos monarcas. A ela foram se unindo outras corporações profissionais menores (agulheteiros, luveiros, bolseiros, fiteiros e outros, além dos já citados chapeleiros e artesões de cartas). No final do século XVIII, a confraria englobava ofícios tão heterogêneos que isso provocou inúmeras disputas e reivindicações. Finalmente, em 2 de dezembro de 1801, o rei Carlos IV determinou que os vinte artesões de cartas barcelonenses se incorporassem à agremiação dos livreiros e dos impressores.

O APRENDIZADO

Antes de obter o título de artesão de cartas, o interessado precisava passar por um período de três anos de aprendizado como discípulo de um mestre de ofício. Durante esse tempo, o aprendiz convivia com o mestre na casa deste. Suas obrigações incluíam misturar cores, estender e secar as três folhas de papel que, coladas, eram usadas para a fabricação das cartas e, ainda, a limpeza das ferramentas ao final da jornada de trabalho.

OFICIAIS E MESTRES

Depois do aprendizado vinha um período, que variava de três a seis anos, durante o qual o artesão trabalhava na condição de oficial. Geralmente, os oficiais eram trabalhadores com conhecimentos especializados sobre a arte de fabricar cartas, mas que não haviam chegando a superar todas as provas necessárias para obter o almejado título de mestre artesão de cartas.
O acesso ao título de mestre foi regulamentado por um decreto real de janeiro de 1560, confirmado em dezembro de 1565. Segundo o documento, para obter o título de mestre era indispensável ao candidato ter passado os três anos de aprendizado com um mestre artesão de cartas diplomado. Além disso, ele precisava apresentar uma obra-prima de sua criação, que seria julgada pelos "guardiães do ofício", que examinavam as aptidões e o talento do candidato. Se o resultado desse exame fosse satisfatório, o interessado tinha então direito ao título de mestre e à incorporação à confraria.
Outra condição para alguém aspirar ao título de mestre artesão de cartas era pagar as tarifas ou custas do exame, cujo preços variava em função do parentesco do candidato e de sua procedência. Em Barcelona, por exemplo, os súditos da coroa de Aragão pagavam menos (em alguns casos, a metade) do que os forasteiros.
Os exames não eram fixos. Variavam segundo o parentesco entre o aprendiz e o mestre. Assim, os filhos de mestres artesãos de cartas tinham maiores facilidades para passar nas provas. A composição do tribunal examinador, por sua vez, mudava todos os anos. Em diversos arquivos constam petições com de vinte a quarenta cartas do naipe de paus, de diversos tamanhos, que deviam ser apresentadas ao tribunal. Diante dos membros dessa corte, o candidato devia também desempenhar diversas operações relativas ao ofício, tais como o dobramento e o desdobramento de um conjunto de cartas.
Por último, era costume que o profissional, uma vez tendo recebido o título de mestre artesão de cartas, oferecesse um refresco ou uma refeição leve às pessoas que tivessem acompanhado seus exames.


XILOGRAFIA

Xilografia é um processo que permite gravar  ou imprimir a partir de um bloco de madeira, do qual se suprimem as partes que não devem aparecer na estampa e se deixam em relevo as superfícies lisas que receberão a tinta e que serão impressas no papel. A imagem final, chamada gravura, é o resultado da impressão xilográfica.
O desbaste de madeira é realizado por meio de ferramentas como a goiva e o buril. O trabalho pode ser feito seguindo-se a direção das fibras de madeira (xilografia ao fio, ou à madeira deitada) ou perpendicularmente a elas (xilografia de topo, ou à madeira em pé). O segundo procedimento é mais complexo, mas permite melhores resultados. Uma vez desbastada a madeira, obtém-se uma imagem especular, isto é, invertida lateralmente em relação à que aparecerá na superfície de contato, como se esta fosse um espelho. Por esse motivo, os desenhos e os textos devem ser gravados na madeira invertidos lateralmente (da direita para a esquerda), para que a imagem resultante seja a efetivamente pretendida.
Inicialmente, o processo foi empregado para estampar tecidos (no Museu Nacional de Nuremberg, na Alemanha, conserva-se um tecido estampado por esse sistema, produzido no século IV a.C., no Egito). Após a invenção do papel pelos chineses, a xilogravura disseminou-se rapidamente no Oriente. E quando o papel chegou ao Ocidente começaram a surgir por toda parte impressões xilográficas, que incluíam livros ilustrados (Bíblia dos pobres, Apocalipse), imagens religiosas e, também, cartas de jogar.
Da impressão de textos foi que surgiu a idéia, atribuída a Gutenberg, de empregar tipos móveis (isto é, letras avulsas) para imprimir, pois com isso era possível reordenar e reutilizar os tipos para a impressão de outras páginas (em vez de se realizar uma gravação para cada página). Foi assim que aconteceu a invenção da imprensa.
Na Europa, desde o século XV a produção de baralhos serviu-se de xilografia, técnica industrial que representou um grande avanço em relação aos sistemas simples de fabricação até ali vigentes. A operação realizava-se inicialmente mediante pressão manual, sobre papel que fora antes levemente umedecido. Mais tarde se empregariam prensas de rosca. Por causa desse procedimento, os fabricantes de baralhos ficaram conhecidos como "impressores de cartas". Depois da impressão aplicavam-se as cores. Para esse trabalho os artesãos usavam máscaras (padrões ou moldes perfurados ou entalhados). Além disso, eles também empregavam matrizes para imprimir seus nomes, ou marcas de fábrica, nos estojos dos baralhos.

FERRAMENTAS DO ARTESÃO DE CARTAS

Um inventário de 1797 dos bens deixados pelo fabricante de cartas Pedro Pablo Rotxotxo y Puigdoura, que se encontravam na casa de sua propriedade na rua Escudillers Blanchs, em Barcelona, fornece uma idéia bem exata da organização da loja e da oficina desse artesão. Na loja, e bem visível da rua, exibia-se um biombo de madeira e tecido, com um gradeamento de arame, sobre o qual apareciam pintados quatro baralhos e a figura de um sol, divisa da fábrica de cartas do falecido. Um rótulo dizia: "Fábrica de Rotxotxo".
O cômodo dos fundos da loja, que era utilizado como refeitório e oficina, contava com sete mesas, uma delas redonda e outra recoberta com uma toalha verde. Nesse cômodo havia tesouras para recortar cartas, prateleiras para guardar os baralhos, um pedaço de sabão, uma quantidade de papel para fabricar cartas, armários com estantes e caixotes nos quais se conservavam papéis para embrulhar os baralhos, algumas marcas e moldes para a produção das cartas, uma panela contendo tinta azul, uma prensa com seu correspondente torno e demais utensílios para prensar cartas, uma peneira para filtrar a cola, um pincel, uma tigela de cobre para esquentar a cola e um tonel para guardar as asparas das cartas recortadas.
No pátio encontrou-se uma tábua usada para umedecer papel e, em outro cômodo, no alto de uma escada, acharam-se outros moldes, tábuas para fabricar cartas e baralhos arrumados para a venda. Na sala principal guardavam-se cinco moldes para a fabricação de cartas à moda francesa. Em outro aposento havia um considerável número de objetos, entre os quais mesas e pranchas de madeira, uma quantidade de cartas em processo de fabricação, recipientes para tintas, tábuas para pintar cartas, brochas, pincéis e varais de cordas para a secagem das cartas. O corredor da escada abrigava uma mesa que era usada para a operação de ensaboamento.
Por último, encontrou-se no átrio uma prensa de madeira com todos os seus complementos, duas polidoras com suas tábuas e pedras, dois varais de cordas, instrumentos para amolar a pedra, uma quantidade de papel de imprensa, quatrocentos jogos de cartas em plena elaboração, conjuntos de moldes de cartas, brochas, pequenas vasilhas, recipientes de tintas e duas pequenas jarras para tinta amarela.
Esse detalhado inventário, felizmente conservado, permite-nos imaginar como era o trabalho cotidiano do fabricante de cartas na Europa do século XVIII. Um artesão dedicado a uma atividade que logo conheceria avanços técnicos mais marcantes, como resposta à grande demanda por seus produtos.


A FÁBRICA DE CARTAS DE MACHARAVIAYA

As primeiras cartas de jogar chegaram no continente americano na bagagem dos marinheiros e exploradores, que as utilizavam como distribuição durante as longas e monótonas travessias do Atlântico. Com o crescimento demográfico das novas colônias, porém, aumentou a demanda por baralhos. Por esse motivo, a Coroa espanhola criou a Real Fábrica de Cartas do México, estabelecendo-se em 1583 que todas as cartas da Nova Espanha -que incluía México, Nicarágua, Nova Galícia, Guatemala, Yucatán, Honduras, Campeche, Nova Biscaia, Soconusco e Chiapas -teriam que proceder exclusivamente da fábrica estabelecida em terras mexicanas.
No entanto, a Real Fábrica enfrentou ao longo de sua existência sérios problemas com o abastecimento de papel, motivo pelo qual a produção de baralhos continuava sendo insuficiente. A importação de papel da Europa constitui uma solução apenas provisória, e extremamente cara.
Coube ao rei Carlos III, na Real Concessão de 12 de agosto de 1776, enfrentar o desagradável problema. Ele o fez outorgando uma autorização ao fabricante Félix Solesio, da província de Álava, para que este estabelecesse por sua conta "uma fábrica de cartas de segura qualidade na cidade de Macharaviaya, jurisdição da cidade de Málaga".
Parece que se escolheu aquela localidade malaguenha porque José de Galvez, visitador do rei e responsável pelas rendas americanas, era natural dali. Deu-se a Félix Solesio o prazo de seis meses para construir a fábrica. Outra condição: quatro meses depois de prontas as instalações industriais ele deveria entregar "20.000 maços de cartas, cada um de 12 baralhos, embalados e encaixotados por conta do administrador". A partir desse momento, o ritmo de produção passaria a ser de 30.000 maços a cada quatro meses, durante os dez anos de duração prevista do contrato.
No entanto, as cartas de Macharaviaya, fabricadas exclusivamente para distribuição nas colonias do Novo Mundo, não foram bem recebidas pelos consumidores americanos. Criticava-se principalmente sua péssima qualidade, denunciando-se, entre outros, os seguintes defeitos: pouca consistência do papel; colagem precária, que tornava as cartas inutilizáveis depois de terem sido embaralhadas apenas algumas vezes; costas sem estampas (pediam-se desenhos ou sinais nas costas, para evitar as transparências); desigualdade no corte das cartas de um mesmo baralho; pouca variedade na produção; imperfeições nas estampas ou nos desenhos; falhas na aplicação de cor; e baralhos incompletos por embalagem incorreta.
Essa monumental falta de qualidade fez com que nas colônias espanholas da América se valorizassem mais as cartas de outros fabricantes, como ocorreu com o barcelonês Pedro Rejojo (Rotxotxo), e levou ainda a que se preferissem os baralhos produzidos em Madri e em Barcelona, de padrão notavelmente superior em relação aos feitos em Macharaviaya, e mesmo os baralhos de outros países europeus, muito apreciados pelo papel em que eram impressos.
Apesar de Félix Solesio não ter cumprido diversas cláusulas relativas a prazos, qualidade das cartas, produção e contra-senhas exigidas para evitar a venda de suas cartas na Espanha, a concessão foi sucessivamente renovada em 1781, 1784 e 1798. Em 1809, ela foi revigorada por mais dez anos, mas nessa ocasião isso foi feito em nome de Nicolás Solesio e Braulio Hernandéz, respectivamente filho e genro de Féliz Solesio.
No dia 26 de setembro de 1811, as Cortes Gerais extraordinárias promulgam um Real Decreto estabelecendo o fim do controle estatal sobre a produção e a distribuição de cartas de jogar, com o que se inaugura a era da livre fabricação e venda desses bens. Braulio Hernandéz solicita em 1815 a prorrogação do contrato, e alega como causas  da escassa produção  a guerra contra a França, a morte de Nicolás Solesio e também o fim do monopólio estatal. Só que desta vez sua petição é desconsiderada, pelos seguidos descumprimentos do acordo e pelas perdas que e má qualidade das cartas de Macharaviaya causara à Real Fazenda.
Obrigada a competir com outros produtores, a fábrica de Macharaviaya não conseguiu superar as deficiências que a caracterizaram desde sua fundação. A partir da segunda década do século XIX desaparecem todas as referências a ela, embora ainda se conservem hoje exemplares dos baralhos que produziu.


LITOGRAFIA

A litografia, ou litogravura, é um sistema de impressão baseado no fenômeno físico-químico da repulsão entre a água e os materiais gordurosos, ou seja, no fato de que água e substâncias gordurosas não se misturam. A imagem que se pretende reproduzir é desenhada numa pedra (pedra litográfica) ou numa placa metálica (geralmente de zinco). Para fazer esse desenho emprega-se uma substância oleosa. Depois que ele está terminado, realiza-se sua fixação com ácido nítrico dissolvido em água (água-forte) e goma arábica. O ácido nítrico abre os poros da pedra, permitindo que esta absorva a gordura, enquanto a goma arábica realiza a tarefa básica de fixação.
Desse modo, obtém-se uma superfície com algumas áreas cobertas por uma película que não se dissolve. A imagem fixada atrai tinta oleosa e repele água, motivo pelo qual, quando a pedra é umedecida com uma esponja e se passa sobre ela um rolo impregnado de tinta oleosa de impressão, a tinta adere no desenho, mas não no restante da pedra molhada.
O processo de impressão litográfica é complexo e exige pessoal altamente qualificado, mas seus resultados compensam, já que o desenho original é fielmente reproduzido nas cópias. Além disso, o sistema permite o colorido mecânico nas imagens, com um ajuste (registro) perfeito das cores.
Pouco antes de ser abandonada como procedimento de impressão industrial, a pedra litográfica começou a ser substituída por pranchas metálicas. Mais tarde, os modernos métodos fotomecânicos de impressão acabariam definitivamente com a litografia, que se conserva atualmente como processo apenas artesanal.

A LITOGRAFIA E AS CARTAS

A litografia foi concebida pelo alemão Alois (ou Aloys) Senefelder no final do século XVII. Em 1796, após sucessivos aperfeiçoamentos realizados ao longo de dois anos de experimentação, ele conseguiu testar o processo com êxito. Em 1818, Alois publicou seu Curso completo de litografia, obra na qual documenta sua descoberta e o desenvolvimento da invenção.
Ainda no primeiro quarto daquele século, a litografia passou a ser aplicada na fabricação de cartas. B. Donford, por exemplo, utilizou o sistema com grande competência. Conseguiu realizar desenhos e gravações de grande precisão para a produção de suas cartas, com um ajuste tão perfeito que chegou a empregar até dezesseis cores em seu primeiro baralho litográfico.
O mesmo procedimento foi adotado também na Espanha pelos irmãos Braulio e Heraclio Fournier.

OUTROS PROCESSOS DE IMPRESSÃO

Alguns fabricantes espanhóis de cartas empregaram até a metade do século XIX moldes  de chumbo com peças de latão incrustadas. Tratava-se de um sistema mais parecido com as matrizes xilográficas, que nesse caso eram metálicas.
Num período anterior, e simultaneamente à era da impressão xilográfica, fabricaram-se cartas de maior qualidade gravando os desenhos sobre pranchas de cobre. A cor era aplicada à mão por artistas especializados. Mas o custo desse sistema era muito elevado, justamente por não ser possível aplicar as cores mediante máscaras ou moldes. Para realizar a impressão do material gravado, era necessário umedecer os cadernos de papel, já que a gravação era em baixo-relevo. Isso fazia com que o papel sofresse diferentes alterações, tornando impossível o ajuste mecânico das cores.


A CONFECÇÃO CLÁSSICA DAS CARTAS

A confecção de cartas utiliza técnicas que, embora tenham semelhanças com outros gêneros de impressão gráfica, apresentam as suas próprias características. Em 1762, já tinha sido publicado o tratado Arte de confeccionar cartas, escrito por M. Duhamel, que trata das diferentes operações realizadas nas indústrias de cartas para elaborar as cartas de jogo. As indústrias de cartas deviam - e ainda na hoje é um requisito básico - cumprir, antes de mais nada, exigências de qualidade: as cartas deviam ser manejáveis e não muito grossas, mas nem tão finas a ponto de serem transparentes. Deviam ter as costas idênticas - inicialmente eram brancas -,  a impressão tinha que ser muito nítida  e o estampado perfeito, para que cada carta fosse reconhecida rapidamente. Por outro lado, todas estas qualidades deviam ser reunidas em curto prazo, de tal forma que a produção fosse maior; o preço dos baralhos resultasse acessível e a sua venda permitisse obter lucros. Duhamel assinala que as indústrias de cartas ja tinham conseguido cumprir naquela época todas essas condições. Inclusive, afirma que um operário era capaz de confeccionar sessenta baralhos por dia, se os cartolinas estivessem preparadas (alçadas, coladas e secas), apesar de que a produção de um baralho completo precisasse, na época, entre cinquenta e sessenta operações diferentes para sua finalização.

OS DIFERENTES TIPOS DE PAPEL

No livro de Duhamel há uma descrição detalhada das operações necessária para a confecção de cartas. Podem ser utilizados diferentes tipos de papel, mas é aconselhada a utilização de três tipos para obter baralhos de qualidade; papel marca d'água (vasilha), papel camada cinza e papel baralho.
O papel marca d'água é utilizado para imprimir os desenhos e cores das cartas. Deve ser totalmente branco, embora não necessário que tenha a perfeição do papel utilizado para as costas, pois somente os jogadores olham as caras das cartas.
O papel camada cinza é utilizado para formar a capa anterior das cartas. Devido ao seu leve tom acinzentado, torna as cartas menos transparentes. Sobre cada uma de suas duas superfícies colam-se os outros dois tipos de papel, o da cara e o das costas.
O papel baralho é de boa qualidade, muito branco, bem engomado e fabricado exclusivamente para a elaboração de cartas. Com o fim de evitar que tivesse algum sinal, não leva marca da fábrica e as folhas não são dobradas, pois é muito importante que não tenha nenhuma mancha ou marca que possa permitir aos jogadores lembrar e identificar as cartas que se trata.
Mesmo que fosse conveniente que em nenhum destes três tipos de papel as folhas fossem dobradas, os dois primeiros eram fornecidos dobrados; a primeira operação que se deve realizar é virar a dobra, separar as camadas de papel, uma a uma, e pressionar com os polegares para reduzir a marca. Esta operação chama-se "rasgar a dobrar", apesar de não se rasgar nem de despedaçar nenhuma folha.
Como nem todas as folhas de papel têm a mesma espessura, elas são selecionadas e classificadas, separando-se as mais grossas das finas para poder combiná-las posteriormente e dar às cartas a mesma espessura depois de se unir os três tipos de papel.
A operação de misturar as folhas dos três tipos de papel e prepará-las para a colagem denomina-se alçamento. Nas grandes fábricas, esta operação costumava ser feita por operários especializados, que podiam chegar a "alçar" de dezoito a vinte resmas de papel por dia.

A COLAGEM

Após o alçado, inicia-se o processo de colagem das folhas. A cola empregada se fabrica cozinhando seis medidas e meia de farinha com duas medidas e meia de amido. Depois de cozida essa mistura, deve-se peneirar quando está fria para separar os grupos. Um operário eficiente colava, naquela época, por volta de trezentas mãos de papel por jornada de trabalho, que durava treze horas.
A cola é colada apenas em uma das folhas. Para que a folha que está em contato com esta absorva a cola, ambas folhas são colocadas em uma prensa. Além disso, esse processo de prensar as folhas faz com que saia o excesso de cola. A pressão é suave no início durante uma meia hora, deixando que a cola seque um pouco para evitar que o papel rasgue. Finalmente, é aplicada mais força na prensa durante uma hora e é durante esta operação que a cola excedente sai pelas bordas das folhas.
Para evitar que a cola excedente grude as bordas das dobras, de tal maneira que se forme um único bloco de papel, um ajudante vai limpando com um pincel molhado em água fria as bordas das folhas e eliminando a cola. É necessário que o pincel seja suave, para evitar que suas cerdas se metam entre as folhas coladas e volte a desgrudá-las.

A SECAGEM DAS FOLHAS

A próxima operação é fazer um furo nas folhas coladas, para poder passar um fio de latão e pendurá-las até que terminem de secar. Na hora de estender, é necessário que seja em um dos cômodos altos da casa - para evitar que as folhas peguem poeira proveniente da rua -, que deverá ser varrido e preparado previamente. O lugar deve estar bem fechado, mas com janelas em todas as paredes, que devem ficar fechadas quando há névoa ou o ar exterior esteja muito úmido. O normal é que esse processo se realize no verão, já que no inverno costuma ser necessário usar aquecedores que podem ressecar a cola e enrugar o papel.
Depois do processo de estender, inicia-se a limpeza das folhas para retirar os corpos estranhos que possam ter grudado enquanto estavam penduradas. Esta operação era habitualmente realizada pelas viúvas ou pelas filhas dos mestres fabricantes de cartas e, para isso, deve se utilizar uma faca com muito cuidado para não apoiá-la sobre as folhas a fim de evitar deixar alguma marca.
Antigamente, a operação seguinte era o de polir as folhas, mas na atualidade não é mais realizada. Esta operação consistia em passar uma pedra pomes pela superfície da folha para terminar de eliminar as pequenas imperfeições que pudesse ter.

IMPRESSÃO, COLORIDO E CORTE

Assim que as folhas estejam preparadas, inicia-se a impressão dos desenhos, realizada por meio de moldes de madeira ou metal, sobre o papel umedecido.
O colorido se realiza por meio de trepas ou padrões nos que estão recortados os espaços que devem ficar pintados nas cartas. Antes de aplicar uma cor, deve-se deixar secar a anterior, para evitar que ambas cores se misturem. Assim que as folhas estejam secas, impressas e coloridas são aquecidas e passadas pelo alisador, que é uma pedra de sílex com a qual as folhas são pressionadas. Esta operação é a que proporciona às cartas de qualidade o seu brilho característico. Primeiro se alisa a face das cartas e, em seguida, as costas.
Após o alisado, as folhas impressas são cortadas e os baralhos são formatados. É preciso uma grande habilidade para segurar as tesouras com firmeza e força no banco de corte e conseguir que este seja impecável. Em seguida, as cartas cortadas são colocadas em uma mesa ampla, ordenadas e verificadas cuidadosamente se não possuem defeitos que as inutilize para o jogo. Finalmente, o último processo consiste em montar os baralhos para o empacotamento e venda.


A FABRICAÇÃO ATUAL DE CARTAS

Atualmente a fabricação de cartas continua realizando praticamente as mesmas operações da fabricação tradicional das cartas. As principais diferenças estão em que atualmente muitos dos processos em que era necessária a força humana foram substituídos pelas máquinas e que muitos dos processos não essenciais (fabricação de papel, tintas, colas, etc.) são encomendados às indústrias especializadas auxiliares (indústria de papel, indústria química, etc.). Entretanto, apesar de se ter mecanizado o processo de fabricação de cartas, este continua sendo realizado sob um rigoroso controle humano em todos os seus passos.
Como na maioria das indústrias, a primeira mecanização conseguiu-se ao ser aplicado o vapor como fonte de energia das máquinas.
Esta aplicação se iniciou ao longo do século XIX até que, no final desse mesmo século, o vapor começou a ser substituído pela energia elétrica que, embora ainda necessite de maiores infra-estruturas para sua execução (redes elétricas de alta e baixa tensão, centros de distribuição e transformação, etc.) possui uma utilização mais limpa, eficiente, confortável e segura.

O PROCESSO DE FABRICAÇÃO

A fabricação atual de um baralho inicia-se com o desenho de suas faces e costas, que podem ser tradicionais ou de fantasia, ou uma mistura de ambos. O desenho costuma ser realizado pelo fabricante, embora em algumas ocasiões especiais seja encomendado a artistas reconhecidos, como tem ocorrido ao longo da história. Após realizado o desenho das cartas, procede-se à montagem em grandes folhas para a fabricação dos fotolitos (um para cada cor de tinta que será utilizada na impressão), que originarão as pranchas de imprensa.
O papel que se vai utilizar chega à fábrica de cartas já preparado para ser impresso. Antes de ser utilizado comprova-se sua qualidade, ou seja, que não apresente nenhum defeito que possa comprometer a tiragem. Durante o processo de impressão vão-se imprimindo sucessivamente as cores, obtendo-se folhas grandes ou calhamaços nos quais aparecem um ou dois baralhos completos sem cortar.
As tintas usadas na impressão são de secagem rápida, sendo assim desnecessário esperar entre a impressão de uma tinta e outra como ocorria antigamente. Depois de imprimir as duas faces, os calhamaços passam sucessivamente pelos processos de envernizagem, secagem, corte, ordenação do baralho e de colocação nas embalagens.
Estas operações são muito delicadas, pois não podem ficar marcas de manipulação que, durante o jogo, possam identificar as cartas.
O enverniza mento é uma operação fundamental, porque dá as cartas o brilho e tato característicos. Cada fabricante emprega sua própria fórmula no verniz, porque este passo é de grande importância para a conservação e durabilidade das cartas. O corte do calhamaço impresso se produz em duas fases; na primeira, cortam-se os calhamaços em tiras e na segunda, as cartas.
Antes do empacotamento final, os baralhos são comprovados cuidadosamente para retirar os que apresentem o mínimo defeito que afete sua qualidade e, portanto, o prestígio do fabricante. Este controle é absolutamente prioritário na fabricação de cartas, dado o uso a que vão ser destinados. Os fabricantes mais reconhecidos dedicam um esforço humano e financeiro considerável para conseguir produtos de grande qualidade, preparados não só para o jogador aficionado ou para o colecionador, mas também para cumprir as rigorosas normas que são empregadas nos cassinos. A limpeza e a precisão no processo de elaboração das cartas são requisitos indispensáveis para obter produtos apreciados pelos consumidores.


A MANIPULAÇÃO DAS CARTAS

Depois de imprimir todo o baralho numa folha de papel, ela passa por máquinas cortadoras que separam os diversos naipes que compõem o baralho. Uma vez cortados, os naipes, automaticamente, são ordenados e ficam prontos para serem empacotados. Antigamente, depois de pronto o baralho, este era envolvido numa folha de papel impressa que servia como embrulho e como selo de garantia do fabricante. Neste papel era indicado o tipo de baralho, a data da fabricação, os dados do fabricante e outras informações que podiam ser de interesse tanto do fabricante como do comprador. Estes invólucros, já desaparecidos devido ao processo de modernização das indústrias fabricantes de baralhos, eram trabalhos de grande beleza gráfica. Por isso se converteram, como os próprios naipes, em objetos de coleção.
Na Espanha, e enquanto esteve vigente a tradição de imprimir os baralhos com um carimbo que garantia a sua qualidade, a maioria dos seus invólucros eram transparentes ou tinham uma abertura circular que permitia ver a carta sobre a qual se imprimia o selo. A carta era o quatro de paus, nos baralhos de símbolos franceses, ou o cinco de espadas, nos baralhos espanhóis. Na Inglaterra, desde o início do século XVIII, a carta em que se incluía o selo do imposto era o ás de espadas, enquanto que na França esta carta era o ás de paus. Estes invólucros foram progressivamente sendo substituídos por papel celofane e caixas de papelão, materiais que permitiam maior proteção aos baralhos até chegarem ao consumidor final. Tradicionalmente os baralhos eram empacotados por dúzias e grosas (doze dúzias).

A VENDA DAS CARTAS

Antigamente, as cartas de baralho eram vendidas nas mesmas oficinas onde eram fabricadas. Com o desenvolvimento dos negócios, estas oficinas se converteram em fábricas, como a de Macharaviaya, dedicadas à exportação, e começaram a surgir os intermediários que compravam dos fabricantes e os vendiam aos consumidores.
Atualmente, excetuando os grandes consumidores, como os cassinos ou as empresas que compram tiragens especiais de baralhos com as mensagens publicitárias, cujas encomendas são feitas diretamente nas fábricas, os baralhos são adquiridos através de comércios especializados.


AS CARTAS E A PUBLICIDADE

Desde o final do século XIX, as cartas são usadas como veículo publicitário, com a criação de dorsos especiais nos quais se imprime a publicidade, ou de caras nas quais se incluem alguns elementos gráficos e textos relativos a uma determinada marca. Por sua vez, as fábricas de baralhos, como acontece nos demais setores de indústrias e serviços, apoiam-se na publicidade para incrementar as vendas de seus produtos.
A publicidade de cartas já existia antes da revolução industrial. Originariamente consistia em simples cartazes nos quais se indicavam a qualidade dos baralhos e seus valores. Estes breves anúncios foram praticamente a base da publicidade dos baralhos até os dias de hoje, como se pode perceber nos anúncios que se inserem nas revistas e jornais. Como principal alternativa para os cartazes, surgem os calendários, tanto em formato grande como do mesmo tamanho das cartas, com os quais se buscava uma identificação proposital reproduzindo as caras e reservando os dorsos para a publicidade e o calendário propriamente dito. Foram nos calendários que os fabricantes procuraram oferecer uma imagem mais dinâmica de seus produtos e inclusive conseguiram, às vezes, criar novas idéias ou tendências. Assim ocorreu, por exemplo, com os baralhos de transformação, cujo primeiro testemunho impresso deu-se com um calendário alemão de 1804.
Em todo caso, tratando-se de cartazes ou calendários, os fabricantes procuraram oferecer em sua publicidade a mesma qualidade que a de seus baralhos. É por isso que alguns desses antigos materiais promocionais têm sido convertidos em objetos procurados  pelos colecionadores, que apreciam especialmente a beleza da gravação e a criatividade que alguns fabricantes souberam demonstrar.
Com o surgimento da litografia, os fabricantes de baralhos começaram a criar catálogos em que mostravam os diferentes tipos de cartas que produziam. Estes catálogos, sem dúvida, eram basicamente empregados como elementos de apoio para a rede de vendedores e, raramente, destinavam-se ao público. Atualmente, o desenvolvimento da transmissão de informações por meios eletrônicos, como é o caso da Internet, permitiu que os catálogos e os produtos dos fabricantes de baralhos cheguem aos clientes e aficionados em todo o mundo.


AS CARTAS E SUA DISTRIBUIÇÃO NO MUNDO

Desde suas remotas e enigmáticas origens, foram muitos os fabricantes que aportaram sua maestria à prolongada história das cartas. Durante vários séculos estes artesões tiveram limitada a venda de seus produtos em consequência dos rudimentares métodos de impressão - que não permitiam fabricar um elevado número de baralhos -e da inexistência de um mercado que superasse os confins urbanos ou regionais.
Com o auge da navegação e a expansão européia a partir do século XV, ampliou-se o âmbito de difusão das cartas. A necessidade de cobrir a demanda existente nos territórios recém descobertos fez com que algumas monarquias europeias -especialmente Espanha e Portugal, as principais impulsoras dessa expansão - tentassem controlar a produção das cartas e criar fábricas, como é o caso de Macharaviaya, que teve um papel de empresa claramente exportadora. Tratou-se, entretanto, de intentos falidos, na maioria dos casos, já que nem as circunstâncias históricas nem as tecnológicas permitiam uma distribuição organizada das cartas em escala internacional.

A REVOLUÇÃO DO SÉCULO XIX

O século XIX trouxe com ele as circunstâncias apropriadas para uma maior produção e distribuição das cartas em todo o mundo. Na Inglaterra, os principais fabricantes de cartas eram Thomas de La Rue e Goodall. Apesar da Independência dos Estados Unidos, ambos fabricantes seguiam vendendo seus baralhos na antiga colônia, até a aparição da poderosa U. S. Playing Card Co. Thomas de La Rue conseguiu implantar em São Petersburg uma unidade de produção para cobrir o mercado russo. De fato, era habitual que as principais firmas européias produzissem baralhos específicos para países que careciam de indústrias próprias ou que desejassem adquirir baralhos de qualidade superior de alguns mais qualificados.
No que se refere às antigas colônias espanholas, o México foi o único país no qual foi criada uma indústria nacional própria. No resto das ex-colônias americanas, assim como em Filipinas, a demanda foi coberta por cartas fabricadas na antiga metrópole, especialmente as das casas Roura, de Barcelona, e Fournier, de Vitória, a partir das últimas décadas do século XIX.
A indústria de cartas francesa, tendo Grimaud como máximo representante, acompanhou os colonizadores franceses em suas novas conquistas; de onde provém a notável presença do baralho francês no sudeste asiático -especialmente na Indochina -e na zona central da África. Num século marcado pela férrea competição entre as nações européias para garantir novos mercados, a Alemanha conseguiu, através da fábrica Dondorf, vender seus produtos não somente em mercados próximos, como o balcânico, mas também no Japão, Ceilão, Coréia e China, apesar de não ter conseguido estabelecer-se politicamente nesses lugares. O império austro-húngaro, por sua vez, estava bem representado em escala internacional pela firma austríaca Piatnik. Foram especialmente competitivas as indústrias de cartas belgas, as quais, de acordo com uma longa tradição, fabricavam cartas a baixo preço e qualidade, geralmente anônimas, que imitavam as produções originais inglesas. alemãs, francesas ou espanholas. Uma prática que convivia com a competência e experiência de outros fabricantes que, como Devaluy em Bruxas, tinham uma produção original e de qualidade.




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