Desde o final da Reconquista (1492) até a guerra da Independência (1808) a maioria das batalhas que os espanhóis lideraram aconteceram fora da península (conquista da América, guerras de Flandes e contra os turcos, etc.). Assim, apesar de alguns episódios bélicos notáveis (guerra das comunidades em Castilha, insurreição na Catalunha durante a guerra dos Trinta Anos, separação de Portugal, guerra da separação espanhola) que tiveram como cenário o território peninsular, a Espanha viveu um longo período de relativa calma durante três séculos, principalmente comparando-se com os anteriores (Reconquista) e os seguintes, em especial até o fim da guerra civil espanhola.
O século XIX foi uma época de grande agitação e numerosas mudanças sociais e econômicas para a sociedade espanhola: a invasão de Napoleão, as guerras civis carlistas, os regimes absolutistas, o triênio liberal, a Primeira República, o breve reinado de Amadeo de Saboya, a perda do império colonial americano, etc. Todos estes avatares foram recolhidos em diversos baralhos que refletem os sentimentos dos espanhóis diante deles, já que à Espanha haviam chegado também as idéias da Ilustração, assim como os baralhos instrutivos europeus.
A invasão napoleônica com que se inicia o século foi registrada num baralho editado pelo impressor Juan León (Madrid, 1811), que mostra o seu respeito por Napoleão e seu irmão José I Bonaparte, instalado no trono espanhol. O naipe de paus esta dedicado a engrandecer a figura do imperador, que é mostrado em diversas ações destinadas a destacar sua glória (a cavalo, tremulando a bandeira francesa, cruzando uma ponte, etc.); os outros naipes representam personagens e tipos exóticos, em homenagem ao poder universal do imperador francês.
Ainda que atualmente não surpreenda um baralho espanhol desse tipo, é possível supor que o fato de que fossem símbolos franceses devia-se que seu fim não era o povo espanhol, mas a corte francesa deste rei imposto, pois os espanhóis se encontravam imersos numa dupla luta. Por um lado, estavam em guerra contra o invasor; por outra, tentavam se organizar para superar o absolutismo como forma de governo. Em Cádiz reuniram-se cortes consituintes como representantes do sentimento do povo espanhol e redigiram uma Constituição liberal que, por ter sido promulgada a 19 de março de 1812 tornou-se conhecida como a Pepa. Quando Fernando VII voltou a Espanha, ao final da guerra da Independência (1814), a derrubou, no entanto, pouco mais tarde, no chamado triênio liberal (1820-1822), teve que aceita-la. Em 1822 foram editadas umas cartas cuja missão era divulgar a Constituição ao povo espanhol.
Este baralho, editado em Barcelona, possuía uma dedicatória explícita: "Baralho constitucional, político e militar: seguindo a ordem dos quatro naipes antigos envolvendo a seguinte variação: por Ouros, a Constituição, dirigido ao poder legislativo; por Copas, a Força, dirigido aos corpos nacionais do exército e à milícia; por Espadas, a Justiça, dirigido ao poder executivo; por Bastões, a União, dirigido à nação espanhola. Inventado por Simon Ardit e Quer, segundo sargento do 4º Batalhão M.V.L. Dedicado à Junta de Comércio de Barcelona". As cartas deste baralho contêm numerosos símbolos, além de alguns artigos da Constituição. Nas figuras, os reis foram substituídos por leões, enquanto que os cavalos e as sotas mostram os retratos dos heróis da independência (Lacy, Quiroga, Daoíz, Velarde, Arco Agüero, Riego, Porlier e López Banõs) frente ao de Napoleão e o triunfo constitucional frente à Fernando VII.
Outros baralhos mostram menos respeito pelos pais da pátria numa edição posterior: um deles, de 1869, se dedica à situação que se gerou após a revolução de 1868 e à perda do trono de Isabel II; outro, de 1873, celebra a chegada da República, e o último, de 1874, foi editado depois do golpe do general Pávia. Tratam-se de baralhos nos quais lateja o fervor patriótico, mas onde aparece uma grande desconfiança com relação aos políticos, que são satirizados com dureza.
O século XIX foi uma época de grande agitação e numerosas mudanças sociais e econômicas para a sociedade espanhola: a invasão de Napoleão, as guerras civis carlistas, os regimes absolutistas, o triênio liberal, a Primeira República, o breve reinado de Amadeo de Saboya, a perda do império colonial americano, etc. Todos estes avatares foram recolhidos em diversos baralhos que refletem os sentimentos dos espanhóis diante deles, já que à Espanha haviam chegado também as idéias da Ilustração, assim como os baralhos instrutivos europeus.
A invasão napoleônica com que se inicia o século foi registrada num baralho editado pelo impressor Juan León (Madrid, 1811), que mostra o seu respeito por Napoleão e seu irmão José I Bonaparte, instalado no trono espanhol. O naipe de paus esta dedicado a engrandecer a figura do imperador, que é mostrado em diversas ações destinadas a destacar sua glória (a cavalo, tremulando a bandeira francesa, cruzando uma ponte, etc.); os outros naipes representam personagens e tipos exóticos, em homenagem ao poder universal do imperador francês.
Ainda que atualmente não surpreenda um baralho espanhol desse tipo, é possível supor que o fato de que fossem símbolos franceses devia-se que seu fim não era o povo espanhol, mas a corte francesa deste rei imposto, pois os espanhóis se encontravam imersos numa dupla luta. Por um lado, estavam em guerra contra o invasor; por outra, tentavam se organizar para superar o absolutismo como forma de governo. Em Cádiz reuniram-se cortes consituintes como representantes do sentimento do povo espanhol e redigiram uma Constituição liberal que, por ter sido promulgada a 19 de março de 1812 tornou-se conhecida como a Pepa. Quando Fernando VII voltou a Espanha, ao final da guerra da Independência (1814), a derrubou, no entanto, pouco mais tarde, no chamado triênio liberal (1820-1822), teve que aceita-la. Em 1822 foram editadas umas cartas cuja missão era divulgar a Constituição ao povo espanhol.
Este baralho, editado em Barcelona, possuía uma dedicatória explícita: "Baralho constitucional, político e militar: seguindo a ordem dos quatro naipes antigos envolvendo a seguinte variação: por Ouros, a Constituição, dirigido ao poder legislativo; por Copas, a Força, dirigido aos corpos nacionais do exército e à milícia; por Espadas, a Justiça, dirigido ao poder executivo; por Bastões, a União, dirigido à nação espanhola. Inventado por Simon Ardit e Quer, segundo sargento do 4º Batalhão M.V.L. Dedicado à Junta de Comércio de Barcelona". As cartas deste baralho contêm numerosos símbolos, além de alguns artigos da Constituição. Nas figuras, os reis foram substituídos por leões, enquanto que os cavalos e as sotas mostram os retratos dos heróis da independência (Lacy, Quiroga, Daoíz, Velarde, Arco Agüero, Riego, Porlier e López Banõs) frente ao de Napoleão e o triunfo constitucional frente à Fernando VII.
Outros baralhos mostram menos respeito pelos pais da pátria numa edição posterior: um deles, de 1869, se dedica à situação que se gerou após a revolução de 1868 e à perda do trono de Isabel II; outro, de 1873, celebra a chegada da República, e o último, de 1874, foi editado depois do golpe do general Pávia. Tratam-se de baralhos nos quais lateja o fervor patriótico, mas onde aparece uma grande desconfiança com relação aos políticos, que são satirizados com dureza.